Fala-se muito hoje de arte efémera - manifestações artísticas de cariz experimental que são produzidas para um período relativamente curto. Por si, a arte efémera faz uma ruptura com um dos principais cânones da definição clássica de arte: a permanência, a herança, a continuidade, o reconhecimento do legado deixado a gerações vindouras.
Neste sentido, o próprio conceito de arte efémera traz a lume a discussão eterna do que é ou não arte. É a validação pelas elites? É a originalidade? É a capacidade extrema de sensibilizar o outro? É a capacidade de dizer "coisas"?
Numa perspectiva muito própria, associo a arte à capacidade de comunicar, à capacidade de chegar ao próximo, de tocar o outro. Nunca de forma unívoca ou consensual. Nunca de forma literal, com rigor determinante.
Nesta perspectiva, a ideia de arte efémera é a mais intensa e potencial forma de expressão, é o hoje, o agora. É o que nos diz uma peça em função do nosso contexto em tempo presente. É real, visceral, animal. É viva e activa. É transformadora.
Mas não existe a arte para ser contemplada, adorada intemporalmente? Estará no papel da arte a interpelação directa no "hoje"?
Deixo aberta a discussão ao colectivo.